N O I T E
LA NOTTE, Michelangelo
Busco-te, noite, amorosamente trémula, como as noivas de outrora...
Sou muitas faces da Dor e, no entanto, poderás ver-me sorrir
quando a brisa roçar suavemente o meu respirar de amante silenciada,
envolta na escuridão do teu colo prenho de teias cósmicas.
Vem, noite, vem leito último, dossel de esperanças em farrapos,
costa abrigante onde inscrevo o meu registo de bruxa solitária.
Vem e suavíssima, envolve os meus sonhos nas tuas limalhas secretas,
não me abandones, que em ti me recolho
como a inútil rainha de um reino fantasmagórico e manchado.
Deposita-me, depois, nos braços da aurora,
quando tudo passar e eu puder tentar outra vez o gesto,
a palavra, a indescritível densidade do expressivo coração que é o meu.
Vem, minha amada, vem doce amante...
Vem, noite, e que sejas duradoura.
TESSA ESTATE (1943-2001)
2 Comments:
Interessante o seu blog, e os poemas de extremo bom gosto. Só vim dar uma força para continuar. :)
Bem haja, Nocturnidade, pela sua visita e obrigado pelo encorajamento, que tão bem sabe!
Nocturnidade - com esse nome, só poderia mesmo ser um/a amante da res poetica...
Volte sempre.
Carinhosamente
Mariana
Post a Comment
<< Home