I D E N T I F I C A Ç Ã O
Pergunto se foi por mim
ou pelo calor inesperado dos meus gestos
que a mim vieste
Pergunto se conheceste
a voz longínqua da minha alma triste
ou se acaso te alcançou
o estranho eco que me atravessa os dias
Venho de mundos
onde o sonho e a vivência se confundem
os códigos são outros e as almas se entreabrem
umas às outras sem palavras
tudo se dá e tudo se recebe
natural e contínuo como a luz dos astros
Pergunto se alguém me viu
alguma vez
se tu me vês
pergunto por quê
volto sempre a perguntar
Fico depois como estátua pensante
petrificada na absurda agonia
da dúvida
MARIANA INVERNO (n.1950)
1 Comments:
Minha querida Inês:
A resposta...a vir, vem de dentro de nós. A nossa angústia nasce do facto de procurarmos essa resposta fora do nosso ser. Queremos "ouvir-nos" aprovados, confirmados, amados pelo que somos ou sentimos ser. É a nossa consciência pouco expandida, incapaz (receosa) de abranger para além dos acanhados limites que a mente racional nos impõe, que nos corta a percepção mais fina.
Difícil, difícil como só ela, esta questão! E, apesar dos esforços, vamos sofrendo e vendo aparentemente poucos avanços.
No entanto, há os que não desistem. E existe a poesia que é como um código de acesso a uma outra realidade...
Mantenhamos a esperança, querida.
Bem hajas pela tua visita. Volta sempre!
Um abraço apertado e cúmplice
Mariana
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