O POEMÁRIO DE MARIANA

A poesia é a expressão verbal correspondente a uma percepção de vida subtil e pluridimensional.Instrumento expansivo de consciência, a poesia corresponde ao sentir, expresso no verbo sem as amarras da mente racional. Relembra algo que nos falta e que frequentemente não sabemos apontar e repõe a complexa beleza da manifestação...
MARIANA INVERNO

Thursday, September 16, 2004

POEMAS DE AMOR DO ANTIGO EGIPTO




São tão pequenas as flores de Seanu
Que quem as olha se sente um gigante.
Sou a primeira entre os teus amores,
Como jardim há pouco regado de ervas e perfumadas flores.
Ameno é o canal que tu cavaste
Pela frescura do vento norte.
Tranquilos os nossos caminhos
Quando a tua mão descansa na minha em alegria.
A tua voz dá vida, como o néctar.
Ver-te é mais do que alimento e bebida.





Se fores à casa coberta de hera
Antes dos outros convidados chegarem,
Põe-te à vontade
Na sala dos banquetes.

As flores mexem-se com a brisa,
A qual, se não estiver toda envolta em perfume,
Há-de conseguir levar até ti
Pelo menos a excelência de alguma da sua fragância.

O perfume alastra,
A embriaguês começa.

Aquela rapariga ali, a que se parece com Noubt:
Se tiveres a sorte de a receber como presente,
Meu amigo, deves estar preparado para oferecer em sacrifício a tua vida
Pois é a única coisa que podes dar em troca.



A mansão do meu amor tem portas duplas,
Abertas de par em par.
Agora que se dana zangada
Eu queria ser o seu guarda
E receber as chicotadas da sua língua.
Assim poderia ouvi-la quando está zangada,
Como o ouriço novo a chiar de terror.




DA CONTRADIÇÃO

Ai de mim por teus olhos vagos.
Digo ao meu coração :"O meu amo
Partiu. Durante
A noite partiu
E deixou-me. Sinto-me um túmulo."
E a mim própria pergunto: Não fica nenhuma sensação, quando
Vens até mim?
Mesmo nenhuma?

Ai de mim por esses olhos que te afastaram do caminho,
Sempre tão vagos.
E apesar disso confesso com sinceridade
Que andem eles por onde andarem
Se vierem ter comigo
Eu reentro na vida.




A casa da minha namorada é uma barafunda
É o único modo de descrevê-la.
Toda a noite com música e dança até fartar
Cerveja e vinho sempre a correr.

Noto como as melodias se entrelaçam,
E por fim, depois do meu amor insistir
Num pedido para uma colaboração mais activa,
Concluo que a noite valeu a pena,
apesar de tudo.

E amanhã?
A velha canção do costume.


POEMAS DE AMOR DO ANTIGO EGIPTO
ed. Assírio & Alvim.

Tradução:Helder Moura Pereira

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