POEMAS DE AMOR DO ANTIGO EGIPTO
São tão pequenas as flores de Seanu
Que quem as olha se sente um gigante.
Sou a primeira entre os teus amores,
Como jardim há pouco regado de ervas e perfumadas flores.
Ameno é o canal que tu cavaste
Pela frescura do vento norte.
Tranquilos os nossos caminhos
Quando a tua mão descansa na minha em alegria.
A tua voz dá vida, como o néctar.
Ver-te é mais do que alimento e bebida.
Se fores à casa coberta de hera
Antes dos outros convidados chegarem,
Põe-te à vontade
Na sala dos banquetes.
As flores mexem-se com a brisa,
A qual, se não estiver toda envolta em perfume,
Há-de conseguir levar até ti
Pelo menos a excelência de alguma da sua fragância.
O perfume alastra,
A embriaguês começa.
Aquela rapariga ali, a que se parece com Noubt:
Se tiveres a sorte de a receber como presente,
Meu amigo, deves estar preparado para oferecer em sacrifício a tua vida
Pois é a única coisa que podes dar em troca.
A mansão do meu amor tem portas duplas,
Abertas de par em par.
Agora que se dana zangada
Eu queria ser o seu guarda
E receber as chicotadas da sua língua.
Assim poderia ouvi-la quando está zangada,
Como o ouriço novo a chiar de terror.
DA CONTRADIÇÃO
Ai de mim por teus olhos vagos.
Digo ao meu coração :"O meu amo
Partiu. Durante
A noite partiu
E deixou-me. Sinto-me um túmulo."
E a mim própria pergunto: Não fica nenhuma sensação, quando
Vens até mim?
Mesmo nenhuma?
Ai de mim por esses olhos que te afastaram do caminho,
Sempre tão vagos.
E apesar disso confesso com sinceridade
Que andem eles por onde andarem
Se vierem ter comigo
Eu reentro na vida.
A casa da minha namorada é uma barafunda
É o único modo de descrevê-la.
Toda a noite com música e dança até fartar
Cerveja e vinho sempre a correr.
Noto como as melodias se entrelaçam,
E por fim, depois do meu amor insistir
Num pedido para uma colaboração mais activa,
Concluo que a noite valeu a pena,
apesar de tudo.
E amanhã?
A velha canção do costume.
POEMAS DE AMOR DO ANTIGO EGIPTO
ed. Assírio & Alvim.
Tradução:Helder Moura Pereira
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