O POEMÁRIO DE MARIANA

A poesia é a expressão verbal correspondente a uma percepção de vida subtil e pluridimensional.Instrumento expansivo de consciência, a poesia corresponde ao sentir, expresso no verbo sem as amarras da mente racional. Relembra algo que nos falta e que frequentemente não sabemos apontar e repõe a complexa beleza da manifestação...
MARIANA INVERNO

Tuesday, July 05, 2005

EMILY DICKINSON


Enviamos a Onda ao encontro da Onda –
Uma Missão tão divina,
O Mensageiro também enamorado,
Esquecendo-se de voltar,
E temos a sábia percepção ainda,
Embora feita em vão,
O momento mais sensato para deter o mar é quando o mar já partiu –



Os Poetas Mártires – não contaram
Mas moldaram a sua Dor em sílabas –
Para que quando o seu mortal nome adormecesse
O seu mortal destino – Alguns encorajasse –

Os Pintóres Mártires – nunca falaram –
Legando – antes – à sua Arte
Para que quando os dedos cônscios cessassem –
Alguns na Arte – a Arte da Paz buscassem –



É fácil inventar uma Vida –
Deus fá-lo – todos os Dias –
A Criação – apenas um Capricho
Da Sua Autoridade –

É fácil apagá-la –
A zelosa Divindade
Nem poderia conferir Eternidade
Ao que é Espontâneo –

Os Padrões Destruídos murmuram –
Mas o Seu Plano Impassível
Prossegue – colocando Aqui – um Sol
Ali – deixando de fora um Homem –



Aquele a quem lanço um Olhar Amarelo –
Ou um Polegar decidido –

Embora mais do que Ele – possa eu viver
Mais do que eu – viverá Ele
Pois tenho apenas o poder de matar,
Sem ter – o poder de morrer -



Os Poetas ateiam apenas Chamas –
Eles próprios – extinguem-se –
Os Pavios que acendem –
Ainda que Luz vital

Existem como Sóis –
Cada Idade uma Lente
Disseminando-se
Em Circumferência –


EMILY DICKINSON (1830-1886)

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