O POEMÁRIO DE MARIANA

A poesia é a expressão verbal correspondente a uma percepção de vida subtil e pluridimensional.Instrumento expansivo de consciência, a poesia corresponde ao sentir, expresso no verbo sem as amarras da mente racional. Relembra algo que nos falta e que frequentemente não sabemos apontar e repõe a complexa beleza da manifestação...
MARIANA INVERNO

Tuesday, August 10, 2004

POEMAS INCONJUNTOS



Vai alta no céu a lua da Primavera.
Penso em ti e dentro de mim estou completo.
Corre pelos vagos campos até mim uma brisa ligeira.
Penso em ti, murmuro o teu nome; e não sou eu: sou feliz.


Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres, seriam como tu queres.


Se sou mais que uma pedra ou uma planta? Não sei.
Sou diferente. Não sei o que é mais ou menos.


ALBERTO CAEIRO
Poesia de FERNANDO PESSOA (1888-1935)


CANTATA DE PAZ

Sophia de Mello Breyner, por Arpad Szenes

Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar

Vemos, ouvimos e lemos
Relatórios da fome
O caminho da injustiça
A linguagem do terror

A bomba de Hiroshima
Vergonha de nós todos
Reduziu a cinzas
A carne das crianças

D'África e Vietname
Sobe a lamentação
Dos povos destruídos
Dos povos destroçados

Nada pode apagar
O concerto dos gritos
O nosso tempo é
Pecado organizado.


SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN (1917-2004)



COMIGO ME DESAVIM


Comigo me desavim:
Vejo-me em grande perigo!
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim!

Antes que este mal tivesse
Da outra gente fugia:
Agora já fugiria
De mim, se de mim pudesse!

Que cabo espero, ou que fim
Deste cuidado, que sigo
Pois trago a mim comigo
Tamanho inimigo em mim!


FRANCISCO SÁ DE MIRANDA (1481-1558)
Cancioneiro Geral





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