A Poesia Experimental de ANA HATHERLY
O DECIFRADOR DE IMAGENS
O decifrador de imagens
persegue um fantasma de vestígios
como Ulisses amarrado
ao querer do conhecer
A descoberta é invenção provisória:
as vozes não se vêem
o que se vê não se ouve
A imaginação
ergue-se do arrepio da sombra
guerrilha entre parênteses
ergue-se da constante chacina
procurando outra coisa
outra causa
o outro lado do ver
ANA HATHERLY(n.1929)
O Pavão Negro
Assírio & Alvim
2003
O que é o espaço?
O que é o espaço
senão o intervalo
por onde
o pensamento desliza
imaginando imagens?
O biombo ritual da invenção
oculta o espaço intermédio
o interstício
onde a percepção se refracta
Pelas imagens
entramos em diálogo
com o indizível
ANA HATHERLY (n.1929)
O Pavão Negro
Assírio & Alvim
2003
ERA ASSIM:
era assim:
queres?
queres algo?
queres desejar?
desejas querer?
desejas-me?
desejas querer-me?
queres desejar-me?
queres querer-me?
queres que te deseje?
desejas que te queira?
queres que te queira?
quanto me
queres?
quanto me
desejas?
ah quanto te quero
quando te quero
quando me queres...
ANA HATHERLY(n.1929)
um calculador de improbabilidades
Quimera
2001
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