ISABEL RUTH - Poema a MARIA HELENA VARELA
Eram primas e trocavam poemas.
Ambas, no dizer de Isabel Ruth, inconformistas e solitárias. Na hora da despedida, a prima actriz dedicou-lhe um último poema, buscando ser porta-voz de todos os corações saudosos...
HELENA
Levaste tudo quanto tinhas
E tinhas tudo o que precisavas
No coração grandes saberes guardavas
Mas deixaste-nos a sós com adivinhas
No teu olhar, quem te olhava entendia
(não que fosse obvio o teu caminho)
Que de escalar a vida não cansavas
Caminhante firme, caminhavas
Tão teimosamente o teu destino
Hoje não sei o que mais te diga
Minha alma chora uma saudade estranha
Como uma sombra ela me acompanha
Lembrança tua ainda em mim tão viva
Sem despedidas foste despedindo
Todos aqueles que de perto amavas
Partindo, a pouco e pouco te afastavas
Quem sabe, para não os magoar assim preferias...
Num poema uma vez chamei-te “Ondina
Sereia navegante ousando o mar”
Oceano vasto de palavras a flutuar
Onde mergulhavam mágoas que tinhas
Chegaste hoje a Bom porto, é hora tua
É tempo de te unir, de descansar
Se nos quiseres escrever escreve na lua
Serão palavras tuas, o luar...
Adeus
Prima o Amor
Palavra universal que nos sustém
Alimento da alma aqui e além
Elixir que afasta qualquer dor
Meu coração hoje é um rosário de letras
Meus pensamento são preces a Deus
Na oração somos todos um
Na compaixão todos somos Seus!
ISABEL RUTH (n.1940)
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